Em Istambul, o Fórum Social Europeu quis, e conseguiu, ir à discussão e à
disputa de um espaço político sobre educação.
Por João Mineiro.
Esse espaço foi não só ganho à custa de uma intensa teorização e
problematização das questões concretas do ensino e das ofensivas
neoliberais ao espaço escolar (sob as suas diversas vertentes), como
conseguiu também perspectivar formas concretas de luta europeia que
respondam à urgência desse combate.
Foram dezenas as delegações de países que marcaram presença nos
seminários e workshops sobre educação, que culminaram numa grande
assembleia de conclusões e perspectivas de luta sobre o ensino.
Professores, estudantes de várias organizações europeias e
investigadores da área, pensaram, discutiram e encontraram consensos e
proposas concretas. De toda a Europa, organizações, sindicatos e
movimentos contestaram directa e frontalmente as repercussões directas
da crise do capitalismo no sistema educativo. Exigiram, claramente, uma
mudança à esquerda porque a verdade é que a grande conclusão da
assembleia sobre educação foi a de que o capitalismo não responde, como
nunca respondeu, à crise da educação, e não só não responde como ainda a
agrava. Foi portanto claro para os movimento sociais europeus que a
crise educativa é inerente à crise do sistema neoliberal, e que a
necessidade de mudança de paradigma é uma absoluta realidade.
Entre as várias ofensivas ao sistema educativo, o FSE tentou discutir
aquelas que mais força conseguem ter nas escolas e nas universidades,
para que um dia europeu de luta pelo ensino seja um verdadeiro sucesso.
Entre elas o FSE destaca a privatização do espaço escolar, a
incrementação dos "valores de mercado" no sistema avaliativo dos
estudantes e os ataques quer ao financiamento das instituições, quer dos
direitos de estudantes e professores. Por outro lado, sublinhou-se a
urgência da rejeição do ensino como um negócio, a democracia no ensino, o
resgate do espaço escolar.
Partindo dessa convergência, a assembleia de educação do Fórum Social
Europeu decidiu que iria apoiar o dia 29 de Setembro como um grande dia
de luta europeia sobre o ensino. Que o iria fazer, mobilizando
organizações, sindicatos e estudantes numa convergência absoluta
(provavelmente sem precedentes) em torno de um dos maiores ataques dos
últimos anos ao ensino.
Mas o Fórum não só apelou à mobilização para o dia 29 como afirmou que
quer criar um movimento de luta consequente. Esse movimento passará quer
por um Fórum de Educação Europeu, a realizar em Espanha, como pretende
criar espaços de discussão e luta regular na Europa pré e pós 29 de
Setembro, pré e pós Fórum de Educação Europeu.
Também aqui o FSE prova que é possível unidade, consequência e muito
movimento na luta contra o sistema neoliberal que usa e abusa do sistema
educativo e que condena plenamente às orientações do mercado. No Fórum
Social Europeu a educação esteve realmente em movimento!
Ver Dossier Forum Social Europeu 2010
|