M.Alegre: "O principal défice de Portugal é um défice de emprego"

“Utilizarei todos os poderes à minha disposição para impedir a liberalização dos despedimentos através da eliminação do conceito de justa causa", prometeu Alegre. Foto de TIAGO PETINGA / LUSA

“Utilizarei todos os poderes à minha disposição para impedir a liberalização dos despedimentos através da eliminação do conceito de justa causa", prometeu Alegre. Foto de TIAGO PETINGA / LUSA 

No comício que marca a sua rentrée política, Manuel Alegre faz uma vibrante defesa dos serviços públicos, sustentando a necessidade de um plano de emprego e de investimento público. E garante que vetará qualquer tentativa de acabar com os direitos sociais.

 

 

“Sou um homem livre e frontal, de causas e de combates. Estou nesta candidatura com autenticidade, clareza e determinação” – assim se apresentou o candidato presidencial, reafirmando que o seu objectivo é a vitória. Saudando o presidente do PS, António Almeida Santos, o líder parlamentar do BE, José Manuel Pureza, e o presidente do Movimento Intervenção e Cidadania, José Faria e Costa, assim como todos os independentes presentes e os mandatários da candidatura, Alegre estendeu a saudação aos outros candidatos, e até a um “que não a tendo formalizado, é aquele que há mais tempo está em campanha”.

A partir daí, o candidato multiplicou os ataques e referências a Cavaco Silva, remarcando que “pela primeira vez, é possível derrotar um candidato que se reapresenta”, e recordando que foi no consulado do actual presidente, quando era primeiro-ministro, “que mais aumentou a despesa pública.”

“Comigo, os portugueses sabem com o que podem contar”, afirmou Alegre,. “Se tiver algum desacordo ou reserva em relação a uma lei, falarei antes, não depois, e, se promulgar, não virei a seguir desvalorizar a lei que foi promulgada. E se tiver de vetá-la, vetarei, sem me esconder atrás de falsos pretextos e álibis”.

Para o candidato presidencial, os dilemas apresentados nestas eleições são saber se se é por ou contra a defesa da Constituição e do Estado social, da saúde e da educação públicas, por ou contra o aumento da precariedade no trabalho e a aplicação de políticas que agravam as desigualdades? Por ou contra a igualdade de género e as políticas não-discriminatórias? Por ou contra uma visão de Portugal com cultura e sentido de história?

Um dos momentos fortes do discurso foi quando Alegre questionou: “Dizem que os portugueses vivem acima das suas possibilidades. Mas que portugueses? Os desempregados? Os que vivem com o salário mínimo nacional? Os que vivem com um rendimento familiar abaixo dos 90 euros?”

Passando a abordar o projecto de revisão constitucional do PSD, “contra os serviços públicos e os direitos sociais”, Alegre afirmou que “o principal défice de Portugal é um défice de emprego”, e

defendeu um plano de emprego e de investimento público

“A direita quer pôr em causa os direitos sociais, rasgar o pacto traduzido em serviços públicos indispensáveis”, denunciou. Para Alegre, “o combate à pobreza deve ser a principal máxima, não as políticas anti-sociais que são um retrocesso civilizacional.”

Alinhando os principais pontos do seu programa, Manuel Alegre disse que os portugueses precisam de um Serviço Nacional de Saúde, querem uma educação pública, uma Segurança Social pública. Querem segurança no trabalho e apoio no desemprego.

Na Presidência, Manuel Alegre pode dar a garantia de que se alguém pretender acabar com os direitos sociais, ele estará contra e vetará. “O actual presidente não pode dar semelhante garantia”, asseverou.

E fez o compromisso: “Utilizarei todos os poderes à minha disposição para impedir a liberalização dos despedimentos através da eliminação do conceito de justa causa. Não serei isento, estarei ao lado dos mais fracos, que são a razão de ser da nossa luta.”

Dirigiu-se finalmente aos desempregados e aos que vivem do trabalho precário, aos que não desistem e resistem e continuam a acreditar em Portugal, e também aos jovens, afiançando que o essencial é garantir o futuro das novas gerações.